É verde o que se pinta de verde:
reflexões sobre a financeirização da natureza
DOI:
https://doi.org/10.14295/juris.v34i2.17664Palavras-chave:
capitalismo, colonialismo , economia verde, pagamentos por serviços ambientais, povos e populações tradicionaisResumo
Esse artigo busca discutir criticamente a economia verde e seus instrumentos, especialmente o pagamento por serviços ambientais, tendo como base teórica a crítica ao capitalismo e à colonialidade, bem como trazendo alternativas ao desenvolvimento. O método empregado é o dedutivo e as técnicas de pesquisa adotadas foram a revisão bibliográfica e documental. Entendemos que não é possível analisar uma política de forma isolada do seu contexto. Nesse sentido, verifica-se que a economia verde é mais um subterfúgio do capitalismo e da sociedade hegemônica de se reinventar em suas crises cíclicas, sendo essas ideias fortalecidas nas crises de 1960 e 2008, ganhando envergadura em 2012 na Rio +20. Mais do que uma forma de driblar a crise abafando as críticas sociais e possíveis revoluções, essa estratégia permitiu e permite que a natureza contribua ainda mais na acumulação de capital. Agora, mais do que matéria prima, a natureza se tornou uma mercadoria que pode ser negociada (seja preservada ou devastada/poluída), há uma métrica que estabelece em valor monetário para um ecossistema. Essa financeirização da natureza está dentro de uma lógica antropocêntrica e utilitarista e vai contra as formas de ‘con-viver’ nos territórios de povos e comunidades tradicionais. No que se refere à PNPSA entendemos ser uma política nova que precisa ser melhor analisada. No entanto, o contexto em que foi aprovada nos dá alguns indícios de que o seu objetivo, ao fim e ao cabo, não é a preservação e conservação da natureza. Ao invés de investir em políticas estimuladas pelo Banco Mundial, entendemos que devemos aprender com os povos e populações tradicionais para uma possível reversão da crise ambiental que vivemos; para um bem viver e bons ‘con-viveres’; para evitar ‘a queda do céu’.
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