GÊNERO E EDUCAÇÃO NA GUINÉ-BISSAU

MARCAS DO COLONIALISMO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14295/de.v12i2.18163

Resumo

Apresentamos neste artigo uma análise sobre a relação entre gênero e educação na Guiné-Bissau, enfatizando como o colonialismo e a islamização influenciam as dinâmicas sociais e de poder, introduzindo e reforçando estruturas patriarcais. Esses sistemas romperam com as características tradicionais africanas que, historicamente, antes da chegada dos colonizadores, mantinham práticas mais equilibradas nas relações de gênero. Em muitas regiões guineenses, as relações de respeito e poder eram estabelecidas com base nos conhecimentos adquiridos ao longo da vida, independentemente do gênero, promovendo uma maior equidade. Dois processos mudaram profundamente as relações de gênero na Guiné-Bissau: a difusão da islamização, oriunda do norte da África; a tomada do país por parte dos colonizadores portugueses, com a inferiorização e imposição cultural. Com a imposição colonial e a expansão do islamismo, as dinâmicas de organização social, cultural, econômica dos diferentes grupos étnicos foram gradualmente alteradas, resultando no aprofundamento da marginalização das mulheres, limitando sua atuação na esfera pública, bem como silenciando suas oportunidades de liderança e autonomia. As implicações desses processos deixaram marcas profundas e desafios à luta contemporânea por igualdade de gênero. Concluímos que o processo de resistência implementado por Amílcar Cabral, quando líder do Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC), baseado na reafricanização a partir da educação, aponta possibilidades filosóficas e práticas para o resgate de relações de gênero tradicionais africanas, rompendo com o modelo colonial-patriarcal.

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Biografia do Autor

Marcelo Silva, Instituto Federal Catarinense

Doutor em Educação Científica e Tecnológica (UFSC), Mestre em Planejamento Urbano e Desenvolvimento socioambiental (UDESC), Especialista em GEstão Escolar (UCB), Licenciado em Geografia (UFSC e Pedagogia (UNINOVE). Pesquisador do INEP- Guiné-Bissau. Atualmente é professor do Instituto Federal Catarinense, Campus Camboriú, onde leciona a disciplina de Geografia e de Metodologia do ensino da Geografia no curso de licenciatura em pedagogia. Participa do Grupo de pesquisa DICiTE, desenvolvendo pesquisas relacionadas a Formação de Professores, Decolonalidade, Gestão da sala de Aula, Metodologias Ativas, Crenças Pedagógicas, Educação tradicional africana e sobre a Educação na Guiné Bissau.

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Publicado

20-01-2025

Como Citar

Martins, F., & Silva, M. (2025). GÊNERO E EDUCAÇÃO NA GUINÉ-BISSAU: MARCAS DO COLONIALISMO. Diversidade E Educação, 12(2), 666–681. https://doi.org/10.14295/de.v12i2.18163