GÊNERO E EDUCAÇÃO NA GUINÉ-BISSAU
MARCAS DO COLONIALISMO
DOI:
https://doi.org/10.14295/de.v12i2.18163Resumo
Apresentamos neste artigo uma análise sobre a relação entre gênero e educação na Guiné-Bissau, enfatizando como o colonialismo e a islamização influenciam as dinâmicas sociais e de poder, introduzindo e reforçando estruturas patriarcais. Esses sistemas romperam com as características tradicionais africanas que, historicamente, antes da chegada dos colonizadores, mantinham práticas mais equilibradas nas relações de gênero. Em muitas regiões guineenses, as relações de respeito e poder eram estabelecidas com base nos conhecimentos adquiridos ao longo da vida, independentemente do gênero, promovendo uma maior equidade. Dois processos mudaram profundamente as relações de gênero na Guiné-Bissau: a difusão da islamização, oriunda do norte da África; a tomada do país por parte dos colonizadores portugueses, com a inferiorização e imposição cultural. Com a imposição colonial e a expansão do islamismo, as dinâmicas de organização social, cultural, econômica dos diferentes grupos étnicos foram gradualmente alteradas, resultando no aprofundamento da marginalização das mulheres, limitando sua atuação na esfera pública, bem como silenciando suas oportunidades de liderança e autonomia. As implicações desses processos deixaram marcas profundas e desafios à luta contemporânea por igualdade de gênero. Concluímos que o processo de resistência implementado por Amílcar Cabral, quando líder do Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC), baseado na reafricanização a partir da educação, aponta possibilidades filosóficas e práticas para o resgate de relações de gênero tradicionais africanas, rompendo com o modelo colonial-patriarcal.
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